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Delegado: PM deve ser responsabilizada por morte de juíza

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Deu no Blogue Repórter de Crime - Jorge Antônio Barros

por Alexandre Neto

Sei muito bem o quê a família da Juíza Patrícia Acioli deve estar sentindo, pois sobrevivi a um atentado na porta de minha casa em 2007, em plena Copacabana, à luz do dia e na Zona Sul do Rio de Janeiro. Mas, com bem disse o secretário Beltrame, um tiro na Zona Sul ecoa bem mais alto do que no subúrbio, onde tal fato já é rotineiro. Mas, agora, o crime praticado contra uma juíza ganha novos contornos. Não foi contra um "delegadinho encrenqueiro", que ajudou a desmontar a quadrilha do Álvaro lins e de seu patrão, hoje deputado federal e também condenado com ele em primeira instância.

A morte dessa juíza, com requintes de covardia - que a imprensa já busca mascarar como decorrência de seus envolvimentos amorosos com um cabo da PM e um agente penitenciário - foi um atentado contra O ESTADO, contra a JUSTIÇA e contra todos os CIDADÃOS DE BEM, que não podem se ver responsabilizados depois de mortos por conta de eventuais casos amorosos. Um amante traído ou rejeitado não se prestaria para "contratar" dois carros e duas motos para protagonizar essa EXECUÇÃO, que tem nítido caráter intimidativo à JUSTIÇA e ao ESTADO, e não uma simples vingança sentimental.

O sentimento que nutriu esses criminosos é o sentimento de IMPUNIDADE, decorrente do abandono que o Poder Judiciário de nosso estado relegou a esta brava e honesta magistrada, retirando-lhe a segurança pessoal de que dispunha. a sua morte era anunciada e o Poder Judiciário lavou as mãos, jogando-a às feras do crime organizado que perpassa pelas instituições de segurança de nosso próprio estado, pois a audácia dos criminosos já demonstra que o comboio que matou a juíza sabia, de antemão, que nada poderia acontecer contra ele, a não ser um simples contratempo, facilmente resolvível com uma "carteirada" e com o famoso "PORCORATIVISMO". O assassinato dessa Juíza revela um quadro muito mais perverso: revela a falta de comando na Polícia Militar, pois custa a crer que o DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo), da PM, próximo à residência da magistrada não tenha visto, ouvido ou sabido de nada.

A morte dessa juíza, tal qual o atentado que sofri, faz parte de uma trama, certamente partilhada com oficiais da PM. No meu caso, o primeiro oficial preso e condenado pela Justiça Federal ainda continua na PM, recebendo dos cofres públicos, graças à OMISSÃO do Tribunal de Justiça, que não demite esses marginais de farda da corporação policial militar. É essa impunidade que retroalimenta a própria violência, que agora já começa a se voltar contra aqueles que dão guarida a marginais de farda. O Poder Judiciário está provando do próprio veneno das cobras que eles acreditam que os protegem. Quero ver se a pomposa "Coordenadoria Militar", que se presta para barrar policiais em serviço que ousam entrar armados no prédio o fórum vai prestar para alguma coisa. Quero ver qual é o oficial que lá trabalha que vai descobrir qual foi o PM que participou dessa trama covarde contra o Judiciário que eles dizem "proteger".

O princípio da responsabilização tem que ser aplicado. A primeira providência seria exonerar o comandante do batalhão da área, pois está mais do que provado que o policiamento ostensivo naquela área não existiu e ainda propiciou a audácia bandida dos criminosos, que entraram e saíram, impunemente, do condomínio da Juíza. A segunda providência seria cobrar a responsabilização do atual comandante da PM, que assiste às mais desastrosas ações da PM com incrível leniência e parcimônia, sem qualquer atitude pró-ativa contra os maus policiais. Os escândalos se sucedem, as declarações óbvias e vazias repercutem e nada lhe contece.

A PM está sem freios e a ausência de pedal vem de cima. É fácil aparecer os criminosos: basta que o atual Presidente do TJ ameace e concretize a DEMISSÃO de TODA a "Coordenadoria Militar" da Justiça caso os criminosos não sejam identificados e presos nas próximas 72 (setenta e duas) horas. Se a tal "Coordenadoria Militar" nada descobrir, está patenteada a sua dispensabilidade, daí resultando a sua extinção imediata, até porque os policiais militares que lá estão não servem à sociedade, mas sim ao Poder Judiciário, que deveria contar com sua própria guarda, com acontecia em outrora. Posso até estar enganado, mas a "operação" montada para assassinar a Juíza Patrícia Acioli tem todos os requintes de uma operação militar pré-ordenada e planejada, até porque a fuga do local foi tranquila e sem ser importunada. Quem é policial e tem alguma experiência sabe que bandidos comuns não se prestariam a tal ousadia. Não arriscariam suas peles se não contassem com algum apoio vindo de fora, a fim de mantê-los fora do perigo.

A morte da Juíza Patricia Acioli deve ser o início de uma ampla e profunda reformulação na PM, pois todos os fatos pretéritos se iterligam com o atentado sofrido pela magistrada. Soube que de agora em diante 3 (três) Juízes haverão de substituir a destemida juíza. Foi preciso que ela morresse de forma vil e covarde para se descobrir que valia por três.

Nota do Jorge Antônio Barros: Alexandre Neto é delegado de polícia e seu texto foi retirado da caixa de comentários do blog.
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