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Coalizão de centro-esquerda no Brasil, o sonho impossível!

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por Frederico Luiz

Na semana que passou, a presidenta Dilma Rousseff lançou o plano Brasil Sem Miséria na região sudeste. O evento contou com a participação do governador Geraldo Alckmin e do ex-presidente FHC, dois expoentes do PSDB, o principal partido de oposição ao governo.

Outro fato político que chamou a atenção foi o “apoio” do ex-presidente à “faxina da presidenta” e também seu posicionamento contra a CPI da Corrupção que a oposição tenta instalar no Congresso.

Em ambos os lados, essas atitudes causou estranhezas. O senador Álvaro Vale (PSDB-PR) foi o primeiro a se levantar contra o “flerte” entre governo e oposição. Foi seguido de outros petistas.

Porém, quando em algum momento, PT e PSDB buscam aproximação, seja de qualquer tipo, ganha força o projeto jamais alcançado das duas siglas governarem em conjunto o País, deixando de fora do governo, siglas como o PMDB, PP e o DEM. Os três partidos estão envoltos em sucessivos escândalos e sem projeto para a nação há bastante tempo. Quando foi o último presidenciável destas siglas? Ninguém lembra...

Nos oito anos de FHC, para alcançar a máxima estabilidade política, tanto o PMDB quanto o DEM, que na época era PFL e o PP integravam a base de sustentação do governo tucano e ainda tinham clara interferência nas questões centrais do poder.

Nos oito anos de Lula, um destes partidos foi para a oposição. O DEM. Acostumados ao poder, muitos quadros originários da sigla migraram para o PMDB, a exemplo da governadora do Maranhão, Roseana Sarney.

Numa segunda leva, integrantes dos Democratas que pretendem apoiar Dilma seguem em debandada para o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Agora, os sonhadores voltam a tona. Os mesmos que pretendem uma coalizão do PT-PSDB e mais o PPS-PSB-PCdoB e PDT. O que se chamaria de coalizão de centro-esquerda.

E como sonhar não custa nada, a oposição, ficaria a cargo da coalizão de centro-direita liderada pelo PMDB-DEM-PSD-PR e PP.

Mas, a vida é real e de viés... ensina o filósofo Caetano Veloso.

O Brasil, ainda está longe de decantar e consolidar sua jovem democracia, nos marcos de países europeus, por exemplo.

Com tantas interrupções na democracia ao longo da história, os partidos políticos sofreram bastante. Poucos conseguiram se consolidar enquanto instituição política.

Do Império, partido algum sobreviveu. Da república velha, somente o Partido Comunista. Da Redemocratização de 1945 sobraram o PDT (herdeiro do trabalhismo de Vargas) e o PSB. E mais recentemente... o retorno do PSD.

Mesmo os dois maiores partidos do País possuem tenra idade. O PT foi fundado em 1980. O PSDB oito anos mais tarde.

O que significa, portanto, que o interesse político do momento prevalece e predomina sobre os aspectos ideológicos.


E, no atual momento brasileiro, interessa por demais ao PSDB, no plano nacional, engalfinhar-se com todos os partidos de esquerda para se beneficiar dos aportes advindos do capital transnacional e o que sobrou do empresariado local.

Porém, nos estados e nos municípios a situação é bem diferente. Pois os interesses são diferentes. Vejam o exemplo do Maranhão. Em Açailândia, importante pólo industrial do estado, tucanos e petistas andam de mãos dadas e seguem juntos na eleição do próximo ano.

O prefeito Madeira (PSDB), da segunda maior cidade do Estado,  “flerta” permanente com a governadora Roseana que é do PMDB e que recebeu o apoio da presidenta Dilma.

Na capital, São Luís, outro prefeito tucano, João Castelo anda atrás, para a sua reeleição, do apoio de todos os partidos de esquerda.

Por isso mesmo, é apenas um sonho imaginar uma coalizão de centro-esquerda para governar o Brasil ou mesmo as maiores cidades do País.

Os tucanos não vão abrir mão de todo o Império que tem a seu dispor. Nem adianta sonhar junto.

Esta aliança, portanto, somente poderia ocorrer na periferia da economia brasileira, como nos exemplos acima.
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